Imaginários,
Corporalidades e
Materialidades Anfíbias












Monstras

Aida Estela Castro






MONSTERSKIN, Aida Castro, 2022. (Video HD, cor, som. 2’15’’)

Um ensaio sobre uma investigação maior em torno da resistência dos monstros, dos seus limites e atuações como mutantes imaginados e científicos porvir.
An essay on a larger investigation into the resistance of monsters, their limits, and actions as imagined and scientific mutants to come.



MONSTRAS are connected with HARPIE, presenting various boundary-crossing ambiguities through the image of a monster body and its narrative. This allows us to perform a linguistic transition: transformation in a bodily, medial sense, embraced by the project through the word “monstro” [monster], from Monstrare(de)MonstraMonstra. Various media-bodies are thus gathered within this relation, establishing and producing more than just imaginaries, since they are tangential to the cultural, social, and political contexts where they are embedded.

Here, a unique aspect of the Portuguese language (untranslatable into English or French, for example) plays a key role, with the word “monstras” being the feminine derivation of “monstros” [monsters]. We opted for “monstras” as this is the word that highlights the verb “demonstrar” [demonstrate], the search and encounter of another person or thing that demonstrates, and the conjugation “tu de.Monstras” [you de.Monstrate]: it is a verb, and becomes a noun here as well.

"The word 'monster' comes from the Latin monstrare
, which translates as 'to reveal,' 'to show,' or 'to demonstrate.' What did monsters show Early Modern naturalists?" Sasha Litvintseva and Beny Wagner (2021)

The linguistic operation implicit in the term from which the (de)MONSTRAS project derives its title hinges on this reading ("Monsters as Medium" is the title of the article). Everything it conveys is pertinent and essential on a methodological level, considering the monster as an essentially medial body that is epistemologically operative of its own methodologies of embodiment and revelation, and also as a category that enables the representation of bodies that do not yet exist—in other words, bodies that are first and foremost constituted in those very bodies that demonstrate themselves.

With this, we seek merely to detail how the title was arrived at, to elaborate on some thematic exercises, and to point out a specific reference. To construct an archaeology of media-bodies—a task this project takes on—we consider liminal, complex, problematic bodies, not only those deemed monstrous but also prosthetic, non-normative, hybrid bodies that confine the boundaries of the human in cultural and technological productions.

Research and artistic practices are operative here since almost every manifestation in this field is carried out by conceiving media-bodies that install, convey, and produce: mediations that expand and reach boundaries which often coincide materially with their media.
















MONSTRAS estão conectadas com a HARPIE que apresenta várias ambiguidades transfronteiriças, na imagem de um corpo monstra/o e na sua narrativa, o que nos permite também operar uma transição linguística:  a mutação de sentido corpóreo e medial na qual o projeto se implica através da palavra monstro, de Monstrare — (de)Monstra — Monstra, que irá reunir várias aparições de corpos-media que se instalam e produzem mais do que imaginários, pois são tangentes dos contextos culturais, sociais e políticos em que estão inseridas.

Há aqui uma particularidade da língua portuguesa, que não funciona na língua inglesa nem na francesa, por exemplo, e que dá a palavra monstras como feminino de monstros. Optamos por monstras, pois é esta a palavra que evidencia o verbo demonstrar, assim como a procura e o encontro de uma outra pessoa ou coisa que demonstra e um “tu de.Monstras” conjugado: é verbo e nome.

“The word ‘monster’ comes from the Latin monstrare, which translates as ‘to reveal’, ‘to show’, or ‘to demonstrate’. What did monsters show Early Modern naturalists?” Sasha Litvintseva e Beny Wagner (2021) 

Esta operação linguística implícita no termo que deu título ao projeto (de)MONSTRAS foi empenhada a partir desta leitura (Monsters as Medium, é o título do artigo), pois tudo o que enuncia é pertinente e fundamental ao nível metodológico, considerando o monstro como um corpo essencialmente medial, epistemologicamente operativo das suas próprias metodologias de corporização e revelação, e ainda como uma categoria que permite figurar corpos que ainda não existem. Quer dizer, que antes de tudo se constituem nesses mesmos corpos que se demonstram.

Nesta entrada quer-se apenas especificar a chegada ao título, a elaboração de alguns exercícios temáticos e apontar uma referência, dizendo também que para uma arqueologia dos corpos-media, tarefa deste projeto, consideram-se os corpos limítrofes, complexos e problemáticos, não apenas aqueles tidos como monstruosos, mas também aqueles protésicos, não-normativos, híbridos que vão circunscrevendo os limites do humano nas produções culturais e tecnológicas.

Aqui as pesquisas e as práticas artísticas são operantes, pois as manifestações neste campo são quase sempre realizadas através da conceção de corpos-media que se instalam, transmitem e provocam: mediações que ampliam e chegam aos limites muitas vezes materialmente coincidentes com os seus media.